Diálogos sobre cuidado, empatia e olhar capaz de identificar ações alinhadas ao bem-estar do outro e do mundo.
Durante esse primeiro contato com o paciente, Ana Coradazzi teve um momento de silêncio para se conectar emocionalmente com o homem. Ela percebeu que a perda de peso e a dificuldade para engolir poderiam ser sintomas de algo mais profundo, e decidiu focar sua atenção na empatia para entender melhor a situação do seu paciente. Com uma abordagem suave e delicada, Ana Coradazzi buscou escutar atentamente as palavras do senhor.
Ao longo da entrevista, Ana se esforçou para criar um ambiente seguro e acolhedor, promovendo uma conexão genuína com o paciente. A empatia era o foco principal desse momento de anamnese, e ela se esforçou para entender o impacto emocional que a doença estava tendo na vida do senhor. O que antes era uma anamnese comum, agora havia se transformado em uma oportunidade de oferecer alívio e conforto por meio da empatia.
A empatia como estratégia para um exercício médico mais humano
A experiência de Ana, uma médica oncologista, ao ter contato com um paciente com câncer, marcou sua alma e a levou a refletir sobre a importância da empatia no exercício médico. Esse conceito é fundamental para a medicina baseada em empatia, que visa acolher a dor do outro e reconhecer a vulnerabilidade dos pacientes e dos próprios médicos. A prática da empatia é um passo essencial para oferecer cuidados de saúde mais humanizados e eficazes.
Ao invés de considerar a empatia como um luxo ou uma opção, a medicina baseada em empatia a entende como uma ferramenta terapêutica que melhora a capacidade diagnóstica, reduz a solicitação de exames desnecessários e aumenta a adesão das pessoas aos tratamentos. A empatia também ajuda a evitar complicações e insucessos terapêuticos ao oferecer estratégias alinhadas às necessidades do paciente.
A especialista em cuidados paliativos e líder da equipe de oncologia clínica da Faculdade de Medicina de Botucatu da Unesp, Ana, defende a ideia de que a empatia não necessita de tempo longo para ser exercida. Ela argumenta que o exercício da empatia tem mais a ver com o olhar de quem a exerce do que com o tempo disponível. É possível praticar a empatia de forma eficaz, mesmo em contextos em que o tempo é escasso, como em consultórios de medicina.
A autora destaca que a empatia é uma habilidade que pode ser desenvolvida e aprimorada com exercícios e prática. Ela defende que os futuros médicos devem ser ensinados a desenvolver a capacidade de olhar para o paciente com empatia, o que envolve a capacidade de identificar as necessidades do outro com acurácia e oferecer estratégias alinhadas a essas necessidades. Além disso, a empatia é fundamental para a construção de relações de confiança entre os profissionais de saúde e os pacientes, o que é essencial para o sucesso dos tratamentos e a satisfação dos pacientes.
A autora afirma que, em sua experiência como médica, a empatia é fundamental para acolher a dor do paciente e reconhecer a vulnerabilidade dos pacientes e dos próprios médicos. Ela defende que a empatia é uma ferramenta terapêutica que pode ser usada para melhorar a saúde e o bem-estar dos pacientes.
Fonte: @ Veja Abril
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