Aumento de acidentes com animais peçonhentos pode causar transmissão de doenças como leptospirose.
Pesquisadores do Observatório de Clima e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz (Icict/Fiocruz) destacam, em comunicado técnico, o aumento da ocorrência de doenças infecciosas (covid-19, gripes e resfriados e tuberculose), doenças gastrointestinais (hepatite A e diarreia infecciosa), doenças transmitidas por vetores (principalmente a dengue) e leptospirose entre os habitantes de Santa Catarina.
Além disso, a disseminação de doenças contagiosas como a tuberculose e a hepatite A tem preocupado as autoridades de saúde, que buscam formas de conter a propagação dessas patologias infecciosas na região.
Impacto das Enchentes na Propagação de Doenças Infecciosas
Outro perigo evidente neste momento pós-enchentes é o aumento significativo de acidentes envolvendo animais peçonhentos, que podem adentrar nas residências juntamente com a diminuição do nível das águas. Historicamente, áreas como os vales (incluindo a região metropolitana de Porto Alegre), a depressão central e o litoral norte do estado têm sido mais propensas a acidentes com animais peçonhentos. Com a elevação do nível das águas, há uma probabilidade maior de ocorrência de acidentes com aracnídeos e serpentes, o que também aumenta o risco de transmissão de doenças infecciosas veiculadas pela água contaminada e vetores, como leptospirose, diarreias e dengue.
Essas enfermidades estão geralmente mais concentradas no verão, porém podem se prolongar nos meses subsequentes devido às mudanças no ambiente original ocasionadas pelas chuvas intensas e enchentes. É crucial salientar que a sobreposição desses riscos, nas mesmas regiões e no mesmo período, demanda do sistema de saúde uma maior capacidade de efetuar diagnósticos diferenciais e de identificar os casos mais graves, que necessitarão de internação hospitalar ou tratamento especializado.
Os pesquisadores enfatizam a importância de se abordar outra questão crucial nessa fase crítica: a saúde mental dos desabrigados, dos profissionais e dos voluntários envolvidos nas operações de emergência. As perdas materiais e/ou de entes queridos podem desencadear um aumento nos casos de transtorno de estresse pós-traumático, depressão e ansiedade. Estudos divulgados pelo Observatório de Clima e Saúde indicam que as doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e transtornos mentais, podem se agravar devido à interrupção do acesso a medicamentos e cuidados médicos contínuos.
A aglomeração de pessoas nos abrigos, os trabalhos de reconstrução nas áreas afetadas e o contato com água contaminada são fatores que podem contribuir para o aumento da maioria das patologias relacionadas à saúde. Neste momento em que as ruas estão repletas de resíduos à espera de coleta, lesões físicas, como cortes, fraturas, contusões e queimaduras, também se tornam mais comuns.
É importante ressaltar que existem 1.518 estabelecimentos potencialmente poluentes dentro da área inundada. São indústrias, terminais de transporte, obras civis, estabelecimentos comerciais e depósitos que, quando inundados, podem expor a população a substâncias tóxicas nos meses posteriores à tragédia.
Diante desse cenário desafiador, é fundamental que o sistema de saúde implemente medidas coletivas de cuidado, como campanhas de vacinação, fornecimento de água potável e instalações sanitárias adequadas nos abrigos, controle de vetores, acesso contínuo a medicamentos e cuidados médicos para os doentes crônicos, além de serviços de apoio à saúde mental da população e dos profissionais envolvidos nas operações de emergência.
Fonte: @ Agencia Brasil
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