Interesse por alimentos saudáveis e ecológicos aumentou 25% nos últimos cinco anos, impulsionando o conceito de farm-to-table e a agricultura sustentável.
Em uma abordagem cada vez mais saudável, os chefs estão se voltando para a criação de seus próprios ingredientes, como sementes, ervas e legumes, para serem utilizados em seus pratos. Isso não significa que eles estejam abandonando a tecnologia e a eficiência, mas sim buscando uma aproximação mais direta com a natureza e a sua consequente saúde.
Ao se desafiar a criar seus próprios ingredientes, os chefs estão, de fato, se tornando mais conscientes do seu impacto sobre o ambiente. Parte da tendência da alimentação sustentável, essa abordagem busca equilibrar a saúde dos consumidores com a saúde do planeta. Por exemplo, cultivando em casa, em vez de adquirir de terceiros, os chefs podem reduzir o uso de caminhões de entrega e o impacto de carbono, tornando sua cozinha mais saudável para o planeta.
Alimentação Saudável: uma Questão de Consciência
À época, uma geração de cozinheiros visionários, como a influente Alice Waters, dona do icônico Chez Panisse, em Berkeley, resolveu rever o conceito de frescor na alimentação ao estabelecer parcerias diretas com produtores locais. Essa abordagem, essencialmente sustentável, renovou a forma como as pessoas pensam sobre alimentação saudável e agricultura sustentável. Em 2014, sua influência foi reconhecida ao figurar entre as 100 pessoas mais impactantes do ano pela revista Time, destacando sua contribuição significativa para o movimento farm-to-table. Nesse contexto, a busca por hábitos saudáveis se torna cada vez mais urgente, especialmente frente ao crescente desafio climático, refletindo a necessidade de mudanças na forma como produzimos e consumimos alimentos saudáveis. Em uma era em que a sustentabilidade alimentar se tornou uma questão global, a filosofia farm-to-table ganhou uma nova dimensão, não apenas como um estilo de vida, mas como uma forma de contribuir para um futuro mais saudável para todos.
Barômetro da Sustentabilidade Alimentar
Recentemente, a Pesquisa Internacional de Sustentabilidade Food Barometer 2024 foi publicada, oferecendo um panorama sobre o novo movimento em direção à alimentação saudável e sustentável. De forma notável, 40% das pessoas ao redor do mundo se declaram engajadas com a alimentação saudável e sustentável, enquanto a média brasileira alcança um nível ainda mais elevado, com 51% das pessoas se identificando com esse movimento. Realizada pela Sodexo em parceria com o Instituto Harris Interactive, essa pesquisa foi baseada em 7.300 entrevistas em diferentes partes do mundo, incluindo a Índia, Estados Unidos, França, Reino Unido e o Brasil. Esses dados revelam uma tendência crescente em direção a práticas de alimentação mais saudáveis e sustentáveis.
A Agricultura Saudável e Sustentável
Chefes renomados, como o espanhol Andoni Luis Aduriz, do Mugaritz, na pequena cidade basca de Errenteria, estão à frente do movimento, buscando maximizar o potencial dos ingredientes frescos. Com a ajuda de cientistas, eles aplicam técnicas como fermentação e desidratação para otimizar a utilização dos produtos da horta de sua casa. Em respeito ao meio ambiente, o dinamarquês René Redzepi, do Noma, em Copenhague, adotou o foraging, prática de coleta de ingredientes selvagens, como cogumelos, algas, frutas silvestres e ervas específicas, diretamente na natureza. Seu restaurante, classificado como o melhor do mundo cinco vezes, agora se transformou em um laboratório de comida, oferecendo eventos imersivos com jardins, estufas e uma cozinha experimental integrada à paisagem.
Projetos de Pop-ups e Experiências Imersivas
Redzepi também começou a promover projetos de pop-ups em diferentes locais do mundo, como o recente evento no Ace Hotel Kyoto, no Japão, onde serviu um menu degustação único, inspirado nos ingredientes e na história culinária da região. No Brasil, um dos pioneiros da onda farm-to-table foi o paulistano Amadeus, especializado em frutos do mar, recomendado pelo Michelin. No início dos anos 1990, Tadeu Masano, sócio da casa, apostou no cultivo de ostras e mariscos em Florianópolis, criando um produto de alta qualidade. ‘Quem prova percebe a diferença na hora. E esse frescor é o que nos torna especiais’, compartilhou ele em uma entrevista. O processo começa com ‘sementes’ minúsculas, fornecidas por laboratórios universitários, com um único copo que pode conter mais de 20 mil dessas sementes.
Fonte: @ NEO FEED
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