Colegiado avaliará títulos honoríficos de figuras ligadas à ditadura, considerando responsabilidades sociais, atos antidemocráticos, critérios de seleção e zelo pela democracia.
A Comissão da Verdade foi criada no mês de março e tem como objetivo analisar ações antidemocráticas durante a ditadura militar. A professora Dirce Eleonora Nigro Solis preside a Comissão da Verdade, que busca trazer à tona fatos ocultos por muitos anos.
Além disso, a Comissão da Memória e da Verdade Luiz Paulo da Cruz Nunes, da Uerj, tem a missão de investigar a fundo episódios ocorridos no período controverso da história brasileira. O trabalho da Comissão da Memória e da Verdade é fundamental para a reparação histórica e social da sociedade.
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Membros da Comissão da Verdade da Uerj
A proposta de criação do colegiado foi apresentada no dia 2 de fevereiro deste ano. A comissão será formada por quatro professores, um de cada centro setorial da instituição (ciências sociais, ciências de educação e humanidades, ciências de tecnologia e centro de saúde), quatro técnicos administrativos e quatro estudantes. Os nomes estão sendo escolhidos.
‘O que nós resolvemos, da forma mais democrática possível, foi verificar, dentro de cada centro, como poderíamos retirar, mediante alguns critérios, professores que pudessem fazer parte da comissão’, disse a professora Dirce Solis, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Uerj, presidente do colegiado.
Agora estão sendo selecionados professores que tenham participado de movimentos sociais ligados à Comissão da Verdade federal e de arquivos, notícias e depoimentos sobre a Uerj, que tenham estudado na Uerj de 1964 a 1988 e, dessa forma, participado dos movimentos, disse Dirce Solis nesta quarta-feira (3) à Agência Brasil.
Compromisso com as Entidades de Defesa dos Direitos Humanos
A professora citou, entre os critérios para escolha dos membros do colegiado, a ligação com entidades de defesa dos direitos humanos, dos direitos sociais, o zelo com a questão da democracia, ‘porque isso é fundamental’. Até sexta-feira (5), Dirce Solis espera fechar todos os nomes dos integrantes da comissão.
Verdade histórica – A meta é instituir a comissão, a partir da resolução do Conselho Universitário, para apurar fatos e responsabilidades ocorridos no âmbito da Uerj no período de 1964 a 1988, ‘mas atendendo à questão da busca da verdade histórica, das responsabilidades sociais, e também visando contribuir para a pesquisa e o registro de situações com esse escopo que foi presenciado durante esse período, na universidade’.
Grupos de Trabalho e Práticas Antidemocráticas
Como presidente da comissão, Dirce Solis pretende atuar na formulação de questões a partir de grupos de trabalho.
‘Somos sistematizadores de grupos de trabalho que terão um conjunto de prioridades, envolvendo servidores, estudantes e familiares, para apurar os delitos, as manifestações políticas daquela época, a violação dos direitos humanos, toda a prática de movimentação antidemocrática ocorrida nas dependências da Uerj e mesmo fora dela, que acabaram atingindo servidores e estudantes durante o período da ditadura militar.’ Segundo a professora, o que se tenta garantir é que será tratada sempre a luta pela manutenção das práticas democráticas no Brasil.
Investigação das Homenagens e Documentação Histórica
‘E, como não poderia deixar de ser em uma universidade inclusiva como é a Uerj’, [uma questão] de respeito às diferenças e à diversidade de raça, gênero, ‘enfim a todas as diferenças’.
Homenagem – O nome da Comissão da Memória e da Verdade da Uerj é uma homenagem ao estudante de medicina Luiz Paulo da Cruz Nunes, morto durante manifestação na porta do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em frente à Faculdade de Medicina, no dia 22 de outubro de 1968.
A presidente da comissão ressaltou que é importante estudar esse período, ter uma documentação farta dele e que isso seja registrado, documentado em termos de vídeos, podcasts (programas de rádio pela internet), o que for possível para resgatar essa memória.
Revogação de Títulos Honoríficos da Ditadura Militar
São duas coisas: verdade, que significa a apuração dos fatos, e a questão da memória, para resguardar esse período para a universidade, em termos em arquivo e tudo o que for possível, explicou. Títulos honoríficos – A comissão pretende ainda revogar homenagens feitas pela Uerj a figuras da ditadura militar, uma questão que compete ao Conselho Universitário.
Caberá à comissão enviar para o conselho, após apuração de vários fatos, nomes da ditadura militar que foram homenageados, mas contribuíram para a ocorrência de práticas antidemocráticas dentro da Uerj e no seu entorno.
Fonte: © TNH1
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