Pesquisa de modificação seletiva de peptídeos bioativos como GLP-1
Um estudo inovador conduzido por cientistas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e colaboradores descobriu uma nova abordagem para a modificação seletiva de peptídeos bioativos, como os análogos do peptídeo-1 semelhante ao glucagon humano (GLP-1), que serve de base para o desenvolvimento de medicamentos como o Ozempic (semaglutida). Essa descoberta abre novas perspectivas para a criação de medicamentos mais eficazes e seguros, capazes de tratar doenças crônicas de forma mais eficiente.
A modificação seletiva de peptídeos bioativos é uma área de pesquisa em constante evolução, e a descoberta realizada pela equipe da UFSCar é um exemplo de como a ciência pode contribuir para o desenvolvimento de fármacos e remédios mais avançados. Além disso, esses tratamentos inovadores podem ser fundamentais para melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças crônicas, como diabetes e obesidade. A pesquisa é fundamental para o avanço da medicina, e a colaboração entre cientistas é essencial para o desenvolvimento de soluções inovadoras. Com a continuidade desses estudos, é possível que novos medicamentos sejam criados, oferecendo mais opções de tratamentos para os pacientes. O futuro da medicina depende da descoberta de novas terapias e do desenvolvimento de medicamentos mais eficazes.
Desenvolvimento de Medicamentos
A proposta do grupo busca melhorar as propriedades fundamentais dessas moléculas, como estabilidade, especificidade, seletividade e meia-vida in vivo, abrindo caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos mais eficazes para doenças como diabetes e obesidade. Os medicamentos, como o Ozempic, são fruto de um processo de modificação estrutural de uma molécula naturalmente presente no corpo humano. Uma das principais alterações foi a ampliação da meia-vida – o tempo de permanência da substância no organismo com efeito terapêutico – de poucos minutos para várias horas, possibilitando sua administração em dose semanal. No entanto, a semaglutida e outros fármacos da mesma classe apresentam efeitos colaterais relevantes, como náuseas e perda de massa muscular, o que motiva as pesquisas para o aprimoramento dessas formulações. Os medicamentos, em geral, são fundamentais para o tratamento de doenças, e a busca por novos remédios e tratamentos é contínua.
Aprimoramento de Fármacos
O método testado na pesquisa liderada pelo grupo da UFSCar consiste na aplicação de uma ferramenta sintética de vanguarda, utilizando a combinação de luz com dois outros catalisadores distintos, para transformar, de forma seletiva, biomoléculas de alto grau de complexidade. A pesquisa foi financiada pela FAPESP por meio de dois projetos (21/06099-5 e 24/09943-0) e seus resultados foram publicados na revista JACS Au, da American Chemical Society. Um dos autores do artigo, José Antônio Campos Delgado, pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e bolsista da FAPESP, conta o que foi feito: ‘Ativamos seletivamente uma ligação nitrogênio-hidrogênio específica no aminoácido triptofano, utilizando a modificação seletiva, o que permite formar uma ligação irreversível, introduzindo motivos estruturais incomuns, o que retarda a degradação da molécula no organismo’. A duração do efeito do medicamento está diretamente relacionada à sua resistência à degradação proteolítica no organismo, que rompe suas ligações químicas e elimina os fragmentos menores, muitas vezes pela urina. Os medicamentos, portanto, precisam ser projetados para ter uma meia-vida in vivo adequada, para que possam ser eficazes no tratamento de doenças.
Avanços em Medicamentos
A ligação irreversível promovida pelo novo método contribui para retardar o processo de degradação, prolongando a ação terapêutica da molécula. Os resultados do grupo mostram que o método é altamente seletivo e eficiente, capaz de ser concluído em apenas três horas e com baixo custo, características essenciais para a sua futura aplicação em escala industrial. Os fármacos, remédios e tratamentos desenvolvidos com essa tecnologia podem ser mais eficazes e ter menos efeitos colaterais relevantes. Delgado afirma que a estratégia desenvolvida pode ser aplicada também a outros tipos de medicamentos. ‘Nosso método não se limita ao GLP-1; ele pode ser explorado para modificar uma variedade de peptídeos terapêuticos, abrindo portas para novas classes de medicamentos’, destaca. Os medicamentos à base de GLP-1, como o Ozempic, revolucionaram o tratamento do diabetes e vêm sendo cada vez mais investigados para outras condições, como doenças cardiovasculares e neurodegenerativas. Com a nova tecnologia, abre-se a possibilidade de aprimorar essas terapias, utilizando a combinação de luz e outros catalisadores para desenvolver novos medicamentos.
Fonte: @ Veja Abril
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