Pesquisadores da USP constataram que 91% mantinham lesões semelhantes à fibrose após 24 meses da alta hospitalar.
Passados dois anos desde a alta hospitalar, é preocupante observar que a maioria dos pacientes que enfrentaram um quadro grave de Covid-19 e foram submetidos à intubação está sofrendo com sequelas pulmonares persistentes. Mesmo aqueles que inicialmente pareciam ter se recuperado bem da doença estão agora lidando com as consequências a longo prazo em seus pulmões. A gravidade da situação se torna evidente ao constatar que, após 24 meses da internação, muitos indivíduos estão enfrentando desafios significativos em sua saúde respiratória.
Essas complicações pulmonares têm gerado uma série de problemas respiratórios e danos nos pulmões que demandam cuidados contínuos e acompanhamento médico especializado. A persistência das sequelas pulmonares ressalta a importância de monitorar de perto a evolução dos pacientes pós-Covid e implementar estratégias eficazes para minimizar os impactos a longo prazo. É fundamental oferecer suporte adequado a esses indivíduos, garantindo que recebam o tratamento necessário para preservar sua qualidade de vida e bem-estar.
Estudo revela alta incidência de sequelas pulmonares após infecção grave
Foi conduzido um estudo no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM-USP) para monitorar 237 pacientes que enfrentaram a forma grave da infecção em 2020. Dos participantes, 91% apresentaram alguma alteração pulmonar após dois anos, com 58% dos casos sendo de inflamação e 33% de fibrose nos pulmões.
A avaliação feita revelou que 2% dos pacientes com lesões semelhantes à fibrose mostraram melhora em comparação com o ano anterior, enquanto 25% apresentaram piora no quadro. O estudo, publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas, é parte de um projeto apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Instituto Todos pela Saúde.
O acompanhamento de mais de 700 pacientes por pelo menos quatro anos após a alta hospitalar visa investigar os impactos do SARS-CoV-2 em diversos aspectos, incluindo os efeitos físicos, psicológicos e cognitivos. A questão das sequelas pulmonares é particularmente preocupante, com pacientes idosos e que precisaram de cuidados intensivos mostrando sinais de evolução para complicações pulmonares.
Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho, coordenador do estudo, destaca a importância de monitorar esses pacientes para determinar se as sequelas serão permanentes. Além disso, a análise pós-Covid de três anos planeja realizar biópsias para investigar a fundo as alterações observadas nos pulmões, buscando distinguir entre cicatrizes e fibrose em desenvolvimento.
A necessidade de intervenções com medicamentos, como corticoides ou antifibróticos, para bloquear a progressão do processo fibrótico é ressaltada. Carvalho enfatiza a variedade de fatores que podem levar à formação de cicatrizes e fibrose pulmonares, incluindo exposição a substâncias nocivas e doenças autoimunes.
A pesquisa destaca a importância de compreender e tratar as sequelas pulmonares decorrentes da Covid-19, visando garantir uma boa recuperação e qualidade de vida para os pacientes afetados.
Fonte: @ Veja Abril
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