Ifix, índice de referência, caminha para o sexto mês de perdas, algo inédito, em meio à retomada do ciclo de corte da taxa básica de juros e fluxo vendedor.
Desde o ano passado, os fundos imobiliários enfrentam um cenário desafiador, marcado por uma série de pressões no mercado. Apesar das expectativas iniciais, a classe tem enfrentado dificuldades significativas, especialmente diante do aumento da taxa Selic, que tem levado muitos investidores a buscar alternativas mais seguras, como a renda fixa.
No contexto dos investimentos imobiliários, os fundos imobiliários (ou FIIs) têm perdido espaço em carteiras de investidores mais conservadores. A volatilidade do setor e a alta dos juros têm sido os principais fatores para essa mudança de comportamento. Além disso, as aplicações imobiliárias enfrentam um momento de ajuste, o que reforça a necessidade de cautela por parte dos investidores.
O cenário desafiador dos fundos imobiliários
Não é por acaso que o Ifix, o índice de referência dos fundos imobiliários, caminha para encerrar o sexto mês consecutivo em queda, algo inédito em sua história. A mudança de expectativa ao longo do ano passado foi significativa. Inicialmente, o mercado esperava um ciclo de corte na taxa básica de juros, mas a desancoragem da inflação e a piora do cenário fiscal inverteram essa tendência, como lembra Luis Stacchini, da Navi Capital. Com isso, o Ifix continua perdendo valor, com um volume de negociação elevado, situação que só ocorreu duas vezes antes: durante a pandemia de covid-19 e agora.
Volatilidade e oportunidades nos FIIs
Para Stacchini, o forte fluxo vendedor observado nos últimos meses pode indicar um exagero do mercado. ‘Ainda não sabemos quando essa maré negativa vai passar, mas os fundos imobiliários estão muito baratos, mesmo com fundamentos sólidos’, comenta. Vicente Coelho, da Vinci Compass, reforça que os FIIS são majoritariamente compostos por investidores pessoas físicas, que tendem a reagir com mais intensidade em momentos de estresse. ‘No Ibovespa, o investidor institucional atua como um ‘zagueiro’, segurando o índice em cenários voláteis. Já no Ifix, como a participação institucional é menor, os fundos imobiliários sofrem mais com a volatilidade quando os juros sobem’, explica.
Riscos e perspectivas para os investimentos imobiliários
A situação pode piorar caso a tributação sobre a receita de aluguéis dos fundos imobiliários de ‘tijolo’ seja aprovada pelo Congresso. No entanto, especialistas acreditam que a proposta será vetada. ‘A bancada do agronegócio está no mesmo arcabouço legal dos FIIS e tem força para barrar a medida. Além disso, a indústria ainda é pequena, o que dificulta a aprovação’, pondera Stacchini.
Estratégias para os FIIs em um cenário de incerteza
Diante desse cenário, os especialistas têm aumentado suas posições em fundos imobiliários, principalmente os de ‘papel’, que investem em títulos como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), atrelados ao CDI e ao IPCA. ‘Os fundos de papel estão com descontos significativos, e os movimentos de alta costumam ser rápidos. Por isso, estamos adiantando posições’, afirma Stacchini. Coelho, por sua vez, defende que este é um bom momento para investir em aplicações imobiliárias, desde que o investidor tenha paciência para enfrentar o atual ciclo macroeconômico desfavorável. ‘O Ifix está negociando com descontos históricos, semelhantes aos vistos durante a pandemia e em 2016. Há uma grande janela de oportunidade, mas é preciso ter resiliência’, ressalta.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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