O impulso de sexta, com expectativa de renovação política em 2026, mantém ativos em maior patamar, mas o mercado de câmbio segue em água parada, refletindo uma economia capenga.
Em águas calmas, até mesmo uma pequena folha pode gerar ondulações ao cair. O Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, registrou um avanço de 0,26%, atingindo 128.552 pontos. Esse é o maior nível alcançado desde o dia 11 de dezembro, demonstrando uma recuperação significativa no mercado financeiro.
O desempenho do Ibovespa reflete a movimentação positiva do índice de ações, que vem sendo impulsionado por uma série de fatores econômicos. A carteira teórica do indicador, composta pelas principais empresas listadas na bolsa brasileira, tem mostrado resiliência diante dos desafios recentes. Esse cenário reforça a confiança dos investidores em um futuro mais estável.
Ibovespa acumula alta em fevereiro e se aproxima de recorde
No mês de fevereiro, o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, registrou uma alta de 1,9%, elevando o acumulado no ano para 6,9%. Atualmente, o índice está a apenas 6,4% de seu recorde histórico de 137.343 pontos, alcançado em 28 de agosto de 2024. No entanto, esses números podem ser enganosos, pois o mercado não está exatamente em um momento de euforia. Na verdade, a movimentação recente tem sido tão lenta quanto água parada, especialmente nesta segunda-feira (17), quando o pregão foi marcado por uma falta de dinamismo.
Mercado de câmbio e influência externa
Com o feriado do Dia dos Presidentes nos Estados Unidos, os principais investidores estrangeiros, que movimentam mais da metade das operações e controlam 56% do volume financeiro na bolsa brasileira, estiveram ausentes. Isso deixou o mercado praticamente parado, com o Ibovespa movimentando R$ 14 bilhões, 14% abaixo da média diária dos últimos 12 meses, que é de R$ 16,3 bilhões. A ausência de fluxos significativos de dólares, tanto via balança comercial quanto pelo mercado de câmbio, contribuiu para essa estagnação.
Dólar avança, mas mantém tendência de queda
Apesar da correção modesta no mercado de câmbio, com o dólar comercial avançando 0,29%, para R$ 5,71, a moeda norte-americana ainda acumula uma queda de mais de 2% no mês e de 7,6% no ano. O otimismo gerado pela pesquisa Datafolha, que mostrou a queda na popularidade do governo Lula 3, alimentou esperanças de uma renovação política em 2026. Investidores acreditam que uma nova chapa no governo federal pode trazer uma agenda econômica mais alinhada aos seus interesses.
Carteira teórica e economia capenga
Na última sessão, a carteira teórica do Ibovespa movimentou R$ 20,5 bilhões, superando a média de liquidez diária dos últimos 12 meses. No entanto, a economia capenga segue apresentando sinais de fraqueza. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, mostrou que a atividade econômica brasileira recuou 0,73% em dezembro na comparação mensal, enquanto subiu 2,36% em relação a dezembro de 2023. Esses números ficaram abaixo das expectativas do mercado, que previam queda de 0,4% e alta de 3,2%, respectivamente.
Expectativas para a Selic e inflação
O enfraquecimento da economia pode ser uma má notícia em um primeiro momento, mas também sinaliza que a inflação tende a arrefecer, o que permitiria ao Banco Central conter a alta de juros. Esse cenário já reflete nas apostas para a taxa Selic, que caíram nesta sessão, com a taxa de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 recuando de 14,79% para 14,67% ao ano. Contratos de curto prazo também refletem essa tendência, indicando que o mercado segue atento aos movimentos da economia capenga e às perspectivas de renovação política.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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