Forças internas e externas pressionam as bolsas, mas o mercado brasileiro valoriza-se desde o retorno de Trump, com incertezas no horizonte e reforma ministerial em discussão.
As longas e monótonas semanas no mercado financeiro ficaram para trás. Desde a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, em 20 de janeiro, e com o início da temporada de balanços no Brasil, uma avalanche de informações tem impactado as negociações na Ibovespa. O ritmo, que já está intenso, tende a se acelerar ainda mais.
O índice de ações brasileiro, a Ibovespa, tem refletido as oscilações do cenário global e local. A bolsa brasileira vive um momento de alta volatilidade, impulsionada por expectativas econômicas e resultados corporativos. O mercado financeiro segue atento aos desdobramentos, que podem definir novos rumos para os investidores.
O Congresso retoma atividades e a reforma ministerial em discussão ganha destaque
Após o recesso, o Congresso retomou suas atividades, e a pauta parlamentar deve ganhar ritmo nos próximos dias, especialmente com a reforma ministerial em discussão. Nesta quinta-feira (6), forças externas e domésticas provocaram volatilidade no principal índice de ações do Brasil. No entanto, o Ibovespa conseguiu se recuperar no final da tarde, registrando um ganho de 0,55%, retornando aos 126 mil pontos. No acumulado da semana, o saldo está praticamente zerado, mas, no ano, o índice já valorizou 5%. A margem de ganho do Ibovespa ampliou-se quando quase todos os pesos-pesados da carteira teórica se firmaram em direção positiva.
Petrobras e o impacto no mercado financeiro
As ações da Petrobras, apesar de fecharem no campo negativo, tiveram quedas menores do que as registradas no início do dia. Os papéis preferenciais (PETR4) recuaram 0,2%, enquanto os ordinários (PETR3) caíram 0,6%. A volta do recesso do ano-novo lunar no mercado chinês impulsionou as negociações de minério de ferro na bolsa de Dalian, na China, reaquecendo o apetite por metálicas. A Vale, ativo com a maior fatia do Ibovespa atualmente (11,35%), foi responsável por boa parte da alta do índice hoje, com suas ações encerrando o dia em alta de 1,5%. O volume financeiro movimentado pelas mineradoras foi expressivo, com as ações da Vale e da CSN Mineração superando o giro do pregão anterior em 54% e 57%, respectivamente.
Volatilidade e a escalada retórica de Trump
A elevada volatilidade no mercado brasileiro e global nas últimas semanas é reflexo de forças externas e internas que exercem movimentos por vezes contrários, por vezes convergentes. No exterior, a escalada retórica de Trump divide o mercado financeiro. Enquanto nos EUA a maioria dos investidores acredita que as ameaças tarifárias são apenas bravatas, no exterior, alguns questionam as motivações do republicano. A crença de que Trump ‘mais late que morde’ e que o presidente americano está preocupado com os efeitos de sua política no mercado dos EUA tem elevado o apetite ao risco.
Investidores estrangeiros e o mercado secundário de ações
Neste ano, investidores estrangeiros já aportaram R$ 6,2 bilhões a mais do que retiraram do mercado secundário de ações do Brasil. Com a entrada expressiva de recursos, o dólar comercial tem caído de forma consistente nas últimas três semanas. Os estrangeiros são a força motriz da nossa bolsa, responsáveis por 55% de todas as movimentações nesse ambiente. Nesta sessão, o dólar comercial recuou 0,52%, atingindo R$ 5,76, o menor patamar em três meses. Na semana, a queda é de 1,26%, e, no ano, de 6,73% contra o real.
Perspectivas para a Selic e o cenário global
Considerando que Trump está preocupado em criar um cenário menos nocivo para a inflação nos EUA, sustenta-se a tese de que os juros americanos podem ter mais espaço para cair lá fora. Nessa toada, a Selic pode não precisar escalar tanto quanto os investidores esperam. A temporada de balanços e a reforma ministerial em discussão continuarão a influenciar o Ibovespa e o mercado financeiro brasileiro nos próximos dias.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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