Nos últimos anos, a influência brasileira no private equity 3G Capital e na holding de investimentos de bilionários Jorge teve metas agressivas, resultando na diminuição dessa influência.
A participação acionária que a empresa de private equity 3G Capital, dos bilionários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, tinha na Kraft Heinz foi vendida, conforme divulgado pela rede americana CNBC.
Essa transação marca uma nova fase para a empresa de consumo americana Kraft Heinz, que está passando por mudanças estratégicas em seu quadro acionário.
Kraft Heinz: Histórico da Empresa de Consumo Americano
Quase nove anos após a consolidação da fusão entre a Kraft Foods e a Heinz, com o suporte financeiro do mega investidor Warren Buffett, a holding de investimentos, 3G Capital, dos bilionários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, vendeu discretamente sua participação restante de 16,1% na empresa no último trimestre do ano passado.
Após a finalização da formação da Kraft Heinz, a empresa resultante da fusão mergulhou nas mãos do grupo 3G, trazendo consigo uma mentalidade focada em redução de custos, eficiência operacional e a busca por metas agressivas de resultados. Essa abordagem já havia sido bem-sucedida em empreendimentos brasileiros como a Ambev e instituições financeiras como o Banco Garantia.
Com o passar dos anos, a influência brasileira na Kraft Heinz tem diminuído gradualmente, e em julho de 2022, não havia mais representantes da 3G no conselho de administração da empresa. Diferentemente, o grupo Berkshire Hathaway de Buffett continua como acionista majoritário, detendo uma fatia de 26,8%.
A estratégia inicial da fusão, impulsionada por Buffett, visava implementar uma gestão vigorosa na empresa recém-formada. O empresário americano estava familiarizado com os métodos de gestão da 3G, os quais haviam se provado bem-sucedidos no mercado brasileiro e foram introduzidos no mercado americano por meio de uma série de aquisições e fusões notáveis.
A gestão da Kraft Heinz parecia ser um caminho natural para a expansão no mercado de consumo americano, com a parceria entre Berkshire Hathaway e 3G Capital para aquisição da Heinz em 2013, seguida pela proposta de fusão com a Kraft em 2015.
Embora tenham surgido especulações sobre possíveis investidas da 3G na Unilever ou até mesmo na Coca-Cola, o desempenho na Kraft Heinz não correspondeu às expectativas anteriores. Inicialmente, os cortes de custos sob a liderança do executivo Bernardo Hees, de confiança dos empresários brasileiros, geraram resultados positivos.
No entanto, as mudanças nos hábitos de consumo, com a preferência crescente por alimentos saudáveis e naturais, impactaram negativamente a empresa. Em 2019, ficou evidente que o plano traçado não havia sido bem-sucedido, refletindo em resultados financeiros decepcionantes, redução de dividendos, investigações sobre práticas contábeis e desvalorização de marcas no valor de US$15 bilhões.
Em entrevistas posteriores, Lemann admitiu as dificuldades enfrentadas, reconhecendo que o modelo de gestão adotado precisava ser revisto para se adaptar às mudanças do mercado. A Kraft Heinz representa um case interessante de como metas agressivas e eficiência operacional nem sempre garantem o sucesso a longo prazo em um setor tão competitivo quanto o de alimentos e bebidas.
Fonte: @ Mercado e Consumo
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