Periferias sofrem preconceitos semelhantes ao desdém em Nazaré.
Em uma reportagem recente, ficou evidente que a figura de Jesus sempre esteve permeada pela igreja, mas também pelos camponeses e sacerdotes que a compunham. Foi assim com o Jesus da vida de Maria, que não teve tempo para deixar a terra onde nasceu nem ao menos para visitar Jerusalém, cidade sagrada. Hoje, essa cena se repete em muitos lugares do Brasil, como em algumas favelas, onde as pessoas lutam por sobreviverem.
De acordo com a série do Visão do Corre, o Jesus da época de Maria poderia ser encontrado nas ruas da periferia das cidades brasileiras, onde a vida é marcada pela luta constante pela sobrevivência. Em um país onde a desigualdade social é uma realidade, é fácil imaginar um Jesus que está ao lado dos que mais precisam, como os camponeses e os religiosos que trabalham para melhorar a vida da população.
Jesus nasceu na Cisjordânia, mas como ele seria em um mundo moderno?
Jesus, o mensageiro de amor e compaixão, nasceu na Cisjordânia, um território rejeitado na época, mas que hoje é o mundo palestino. Para muitos, ele seria um morador de rua, como retratado na obra de Timothy Schmalz, localizada no jardim da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo o padre Júlio Lancellotti, Jesus seria um habitante da Cracolândia, uma área marginalizada das grandes cidades, onde a vida é precária e os sonhos são frequentemente destruídos.
Os primeiros a saber do nascimento de Jesus Cristo são os camponeses pobres de Nazaré, que vivem em uma comunidade marginalizada, onde o acesso à educação e à saúde é limitado. Eles são os que mais precisam de amor, compaixão e justiça. Até os reis magos, que visitam Jesus com presentes raros, são considerados uma maldição, pessoas de magia e heréticos, que não deveriam ser tolerados. No entanto, eles são os primeiros a reconhecer a importância de Jesus e a necessidade de mudança na sociedade.
A periferia como berço de Jesus
O pastor Leandro Rodrigues, líder da Igreja Inclusiva Habitar, acredita que Jesus nasceria em um hospital público, em condições precárias, e seria criado na periferia, onde seus milagres se manifestariam de maneira surpreendente. Ele cita o evangelho de João, quando o apóstolo Filipe fala de Jesus a Natanael, que pergunta: ‘pode vir alguma coisa boa de Nazaré?’. O pastor Leandro Rodrigues afirma que o filho de Maria era desacreditado da mesma maneira que a sociedade não acredita nos talentos e nos potenciais de muitos que vivem nas periferias, nos morros e nas favelas.
Jesus, uma ameaça ao poder romano
André Chevitarese, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que Jesus seria ‘como muitos camponeses simples, paupérrimos, anônimos’. Ele afirma que, do ponto de vista histórico, Jesus estava querendo transformar a realidade e lutava contra os impérios, principalmente o romano, lá atrás, ou o americano, hoje em dia. Jesus é uma ameaça ao poder, pois ele defende a justiça e a igualdade, e não se deixaria corromper pelo mundo.
A educação como uma arma de mudança
Frei David Santos, franciscano e fundador do pré-vestibular Educafro, afirma que houve muitas cobranças de impostos e uma população vilipendiada, muito pobre. Os sacerdotes, que deveriam proteger e trazer dignidade ao povo, estavam colaborando com os donos do poder. Ele cita três favelas onde Jesus nasceria no Brasil: Ceilândia, no Distrito Federal; Rocinha, no Rio de Janeiro; e Paraisópolis, em São Paulo. ‘Se ele nascesse em uma delas, com certeza teria sido espancado, torturado e, talvez, executado’, diz o frei.
Um projeto de vida
O Projeto FASE, de auxílio a pessoas em situação de rua, é um exemplo de como a sociedade pode ajudar os mais necessitados. O pastor Leandro Rodrigues é o líder desse projeto, que visa ajudar as pessoas a superar suas dificuldades e encontrar um novo propósito na vida. Ele afirma que a religião que Deus aceita como pura e imaculada é a de cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo.
Uma mensagem de amor e compaixão
A obra de Timothy Schmalz, localizada no jardim da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, é um lembrete da importância de ajudar os mais necessitados. A imagem de Jesus como morador de rua é um convite para refletir sobre a nossa sociedade e a forma como tratamos os outros. A mensagem de amor e compaixão de Jesus é mais relevante do que nunca, e é nossa responsabilidade ajudar a difundir essa mensagem e criar um mundo mais justo e igualitário.
Fonte: @ Terra
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