Pós-parto: Sintomas de transtorno subiram de 14% a 31% durante crise sanitária. Globais: Alta, baixa e média renda, diferentes mazelas trazidas. Doenças epidêmicas: futuros impactos na saúde. Minimizar: sistema de saúde deve preparar-se para sintomas de transtornos pós-parto.
Uma pesquisa recente, conduzida pela USP e divulgada na revista científica Brazilian Journal of Psychiatry, revelou que a prevalência de mulheres com sinais de depressão pós-parto no Brasil subiu de 12% para 27% desde o início da pandemia de covid-19.
Além disso, o estudo apontou que a depressão pós-natal tem impactado não apenas as mães, mas também suas famílias, ressaltando a importância de apoio emocional e acompanhamento profissional nesse período delicado.
Impacto da depressão pós-parto nas mulheres
De acordo com o estudo, que envolveu 4.788 puérperas, a alta prevalência de sintomas deste transtorno neste período pode ter diversas causas: a ação direta do vírus sobre o sistema nervoso central, as experiências traumáticas associadas à infecção ou morte de pessoas próximas, o estresse pela mudança de rotina devido às medidas de distanciamento social ou de mudança na situação econômica, rotina de trabalho ou relacionamentos afetivos. Outra causa apontada pelo estudo é a interrupção da assistência à saúde para diversas doenças crônicas, já que naquele momento, enfrentar o vírus SARS-CoV-2 era prioridade absoluta.
As mulheres, por conta da covid-19, ficaram em isolamento social e houve uma diminuição da rede de apoio, o que pode justificar a possibilidade de aumento de transtornos mentais desse tipo, conforme Marina Vilarim, idealizadora da pesquisa e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Sintomas globais e a influência da renda
O estudo também revelou que o grau de sintomas não deferiu muito em mulheres de países de alta renda (30,5%) e de baixa e média renda (31,5%). Antes da crise sanitária, no entanto, o percentual de mulheres com esses sintomas em países de alta renda era de 12% e em países de baixa e média renda era de 15%.
‘Partimos da hipótese de que teríamos mais casos de sintomas de depressão pós-parto em países de baixa e média renda seguindo o padrão de antes da pandemia. O que esta revisão mostrou é que a prevalência foi semelhante entre os países. Isso foi um achado. Parece que a pandemia ‘democratizou’ os sintomas depressivos’, explica Marina, que acrescenta.
‘Mesmo nos países de alta renda, que normalmente têm mais ações de saúde, as inseguranças e incertezas foram muito grandes nesse período. As mulheres estavam passando por angústias semelhantes, independentemente dos países em que viviam.’
Desafios futuros e a importância dos sistemas de saúde
Ao avaliar a prevalência de sintomas de depressão pós-parto em países de alta renda e de baixa e média renda, o estudo sugere caminhos para o enfrentamento de epidemias futuras, considerando as variantes do sistema de saúde.
‘Se não pensarmos nas mazelas trazidas por diferentes doenças, nesse caso a covid-19, não conseguiremos nos reorganizar para as questões de saúde pública que ainda irão acontecer, fortalecer os sistemas de saúde e minimizar os impactos de outras desordens de saúde pública que possam vir a acontecer’, afirma a pesquisadora da Fiocruz, Daniele Marano, que orientou o trabalho realizado com apoio do Programa de Incentivo à Pesquisa (PIP) da Libbs Farmacêutica.
Fonte: @ Veja Abril
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