Câncer de pulmão está ligado à exposição à fumaça, que contém particulado, monóxido de carbono e hidrocarbonetos aromáticos, afetando o sistema respiratório em ambientes com material inflamável.
O Brasil enfrenta um desafio significativo em reduzir a exposição da população à fumaça gerada pelas queimadas, que podem ter consequências graves para a saúde pública nas próximas décadas. A especialista em epidemiologia, Ubirani Otero, chefe da Área Técnica Ambiente, Trabalho e Câncer do Instituto Nacional de Câncer (Inca), destaca que a situação atual é muito preocupante e exige ações urgentes para minimizar os riscos.
Os incêndios florestais e as queimadas são uma das principais fontes de poluição do ar no país, liberando grandes quantidades de partículas finas e gases tóxicos na atmosfera. Além disso, o fogo descontrolado pode ter consequências devastadoras para o meio ambiente e a saúde humana, aumentando o risco de doenças respiratórias e, a longo prazo, câncer. É fundamental que o governo e a sociedade trabalhem juntos para prevenir e combater esses incêndios, protegendo a saúde e o meio ambiente para as gerações futuras.
Queimadas e Incêndios Florestais: Um Risco para a Saúde Humana
A pesquisadora Ubirani Otero conversou com a Agência Brasil sobre os efeitos da fumaça na saúde humana, destacando a importância da prevenção para evitar o surgimento de casos de câncer relacionados ao sistema respiratório. ‘Se não tomarmos medidas para prevenir essas questões hoje, corremos o risco de ter um aumento dos tipos de câncer relacionados ao sistema respiratório em um futuro próximo’, alerta a especialista.
A fumaça proveniente dos incêndios florestais é formada por inúmeros compostos químicos, tornando-a cancerígena. ‘As queimadas geram muito material particulado, incluindo liberação de monóxido de carbono, solventes, metais pesados, hidrocarbonetos aromáticos, fuligem, uma gama de material que fica suspenso no ar’, explica Ubirani Otero.
Incêndios Florestais no Brasil: Um Panorama Grave
O Brasil está vivenciando um panorama grave de queimadas e incêndios florestais em 2024. De janeiro a agosto, os incêndios atingiram 11,39 milhões de hectares, segundo dados do Monitor do Fogo Mapbiomas. Isso representa uma área equivalente ao estado da Paraíba, que foi consumida pelo fogo apenas no mês de agosto, o que equivale a 49% do total do ano.
A situação é tão grave que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião dos chefes dos Três Poderes da República para tratar da questão. Além disso, o governo criou uma sala de situação preventiva para tratar sobre a seca e o combate a incêndios, especialmente no Pantanal e na Amazônia.
Riscos para a Saúde Humana
O tipo de câncer mais diretamente ligado à exposição prolongada à fumaça e poluição do ar é o de pulmão e outras partes do sistema respiratório. Ubirani Otero aponta que, diferentemente de outras doenças agudas causadas pela exposição prolongada, como síndromes respiratórias, os cânceres podem levar de 20 a 30 anos para serem identificados.
‘O período de latência é grande, então os efeitos dessa poluição de hoje para câncer a gente só vai ver depois de 20, 30 anos’, alerta a epidemiologista. A especialista do Inca direciona a preocupação de saúde, incluindo doenças respiratórias, principalmente para crianças, idosos e trabalhadores que atuam em áreas abertas.
A exposição prolongada à fumaça e poluição do ar pode causar problemas respiratórios graves, incluindo doenças como a asma e a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Além disso, a fumaça pode causar problemas cardíacos e aumentar o risco de infarto e derrame.
Prevenção e Combate aos Incêndios
A prevenção é a melhor forma de evitar o surgimento de casos de câncer relacionados ao sistema respiratório. ‘A melhor prevenção contra o câncer é a eliminação da exposição. Se cessar o quanto antes, a gente pode prevenir muitos casos no futuro’, afirma Ubirani Otero.
Além disso, é fundamental combater os incêndios florestais de forma eficaz. Isso pode ser feito através da criação de políticas públicas que visem prevenir e combater os incêndios, além de investir em tecnologia e recursos para combater os incêndios de forma eficaz.
A Polícia Federal abriu investigação para apurar se as queimadas têm origem criminosa. Há indícios de ações coordenadas. Além disso, os governos locais estão criando gabinetes de crise para tratar da situação. É fundamental que a sociedade também faça sua parte, denunciando qualquer atividade suspeita e apoiando as ações de prevenção e combate aos incêndios.
Fonte: @ Agencia Brasil
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