A valorização do dólar beneficiou a receita líquida de exportação da maior produtora de celulose, mas ampliou a desvalorização cambial sobre a dívida e os custos operacionais elevados.
A Suzano, líder global na produção de celulose, registrou um prejuízo líquido de R$ 6,7 bilhões no quarto trimestre. Esse valor contrasta com o lucro de R$ 4,5 bilhões alcançado no mesmo período de 2023. Ao longo do ano, a empresa acumulou um prejuízo total de R$ 7 bilhões, uma queda significativa em comparação ao lucro anual de R$ 14,1 bilhões do ano anterior.
O resultado negativo reflete os desafios enfrentados pela companhia no último ano. Além disso, a perda financeira impactou diretamente o desempenho geral da Suzano, evidenciando um cenário desafiador para o setor. É fundamental destacar que a empresa busca estratégias para reverter esse quadro e retomar a trajetória de crescimento.
Impacto da desvalorização cambial e custos elevados
A empresa registrou um resultado negativo no quarto trimestre de 2023, atribuído principalmente à desvalorização cambial sobre a dívida e às operações com derivativos, além do aumento dos custos operacionais elevados. Esses fatores contribuíram para um prejuízo significativo, impactando diretamente a geração de caixa operacional. No período de outubro a dezembro, a receita líquida de exportação atingiu R$ 14,2 bilhões, um crescimento de 37% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Exportações e crescimento da receita
A empresa, reconhecida como a maior produtora de celulose, viu 81% de sua receita proveniente das exportações, um aumento em relação aos 77% registrados no quarto trimestre de 2023. Esse crescimento foi impulsionado pela valorização média do dólar, que subiu 18%, e pelo aumento de 19% no volume de vendas de celulose. Apesar disso, o prejuízo financeiro foi evidente, com um saldo negativo de R$ 15,5 bilhões, em contraste com um resultado positivo de R$ 2,3 bilhões no mesmo trimestre do ano anterior.
Ebitda ajustado e geração de caixa
O Ebitda ajustado da companhia cresceu 44%, alcançando R$ 6,5 bilhões, com uma margem de 46%, dois pontos percentuais acima do trimestre anterior. A geração de caixa operacional também apresentou um aumento expressivo, chegando a R$ 4,8 bilhões, 74% superior aos R$ 2,8 bilhões registrados no quarto trimestre de 2023. No entanto, o resultado negativo foi agravado pelas variações cambiais, que impactaram a dívida em moeda estrangeira, totalizando US$ 13,4 bilhões no final do período.
Endividamento e vendas de celulose
O nível de endividamento da empresa, medido pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda ajustado, ficou em 2,9 vezes em dólares, uma leve melhora em relação aos 3,1 vezes registrados no fim de setembro. As vendas de papel e celulose somaram 3,7 milhões de toneladas, sendo 3,3 milhões de toneladas de celulose e 430 mil toneladas de papel, representando um incremento de 18% em comparação ao último trimestre de 2023. Apesar do aumento nas vendas, o prejuízo e a perda financeira continuaram a pressionar os resultados.
Conclusão: desafios e perspectivas
A combinação de desvalorização cambial sobre a dívida, custos operacionais elevados e a necessidade de gerenciar a receita líquida de exportação tem sido um desafio para a empresa. Embora a geração de caixa operacional tenha mostrado crescimento, o déficit financeiro e o resultado negativo evidenciam a complexidade do cenário atual. A empresa, como a maior produtora de celulose, busca equilibrar esses fatores para mitigar futuras perdas financeiras e fortalecer sua posição no mercado.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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