Marcas de luxo como Gucci, Louis Vuitton, investem em gastronomia com conceitos como café-grifado, luxo-acessível e cenário-instagramável em empreendimentos.
A empresa de moda Ralph Lauren está trazendo sua marca de luxo para a Tailândia com uma nova unidade da Ralph’s Coffee em Bangkok, a primeira da cidade. Esta expansão é parte de um plano maior da marca para se estabelecer com mais força no mercado asiático, um dos mais lucrativos do mundo, e para se aproximar do que a moda está se tornando cada vez mais.
A Ralph’s Coffee é uma marca de café de luxo que oferece uma experiência de alta qualidade aos seus clientes. Com sua presença na Tailândia, a Ralph Lauren está visando uma parcela do mercado de cafés premium do país, que é conhecido por sua demanda por produtos de luxo e moda. Além disso, a marca também está se concentrando em promover sua imagem e identidade através de eventos e experiências exclusivas, como workshops de moda e exposições de arte. A abertura da Ralph’s Coffee em Bangkok é um passo importante para a marca, que busca se estabelecer como um líder no mundo da moda e do luxo.
Moda em cena, modas na mesa
A aparência da Ralph’s Coffee no primeiro andar do CentralWorld é apenas o lance mais recente de um movimento que ganha espaço entre as casas de moda. Louis Vuitton, Gucci, Prada, Armani, Tiffany & Co, Kate Spade, Fendi… querem conquistar os clientes também pelo estômago. Ao se lançar no universo da gastronomia, as grifes abrem uma porta de entrada para novos consumidores, em especial as gerações Y e Z, muito mais afeitas a consumir experiências do que a possuir ‘coisas’. Isso não significa que os mais jovens não valorizem uma bela bolsa, um bom sapato ou uma roupa bem cortada. Muitos só não têm cacife para bancar as marcas de luxo – pelo menos não ainda.
Despertando o apetite
Um ‘café grifado’ a € 6 (o equivalente a quase R$ 40) é caro se comparado a uma cafezinho de padaria. Mas a ostentação de postar uma foto nas redes sociais com louças marcadas pelo ideograma de uma marca de luxo, essa não tem preço. É o que o Ulysses Reis, mestre em marketing internacional e professor de MBAs na Fundação Getúlio Vargas (FGV), define como ‘luxo acessível’. Uma experiência capaz de criar vínculo entre as marcas e possíveis clientes no futuro. ‘Com o tempo, essa aproximação inicial pode se converter em conexão emocional’, afirma Reis, em entrevista ao NeoFeed.
Uma nova forma de experiência
E, em mundo cada vez mais digital, quando as propagandas tradicionais não dão conta de, sozinhas, impulsionar uma marca, o cenário deve ser ‘cenário-instagramável‘. E isso, as grifes de luxo sabem fazer com maestria. Tudo é lindo e de bom gosto. Em qualquer unidade da Ralph’s Coffee a experiência é a mesma: decoração em verde escuro, com o urso símbolo da grife para tudo quanto é lado – da espuma do café ao formato dos biscoitos. Nas ‘lojinhas’ das cafeterias, vendem-se pequenos mimos. Pode ser um chaveiro, um imã de geladeira, um conjunto de louças, uma camiseta, entre outras tantas lembranças. O boné, por exemplo, custa € 65 (cerca de R$ 420).
Tempo de luxo
Nos café da Ralph Lauren, o uso de notebooks é proibido e a permanência, limitada a 45 minutos. As normas reforçam a sensação de escassez e, portanto, de exclusividade – preceitos essenciais na indústria de luxo. O tempo, então, tem que ser muito bem aproveitado, incluindo a escolha do pedido, a degustação dos quitutes e, claro, muitas selfies. O estrategista de marketing Galileu Nogueira, fundador da Galileo Branding, diz que, no universo das mídias digitais, onde as informações se disseminam como rastilho de pólvora e em poucos minutos um post pode ganhar escala global, empreendimentos como uma cafeteria acabam se revelando uma estratégia de marketing de baixo custo.
Luxo-acessível, experiência-capaz
Outra grife de luxo a se lançar na gastronomia é a Louis Vuitton. Em 2020, a maison do grupo LVMH abriu o Le Café V, dentro da loja em Osaka, no Japão. No ano seguinte, inaugurou uma unidade em Tóquio, em sua loja principal de sete andares em Ginza, uma dos bairros mais sofisticados da capital japonesa. Depois, em 2022, a grife abriu um restaurante independente, não anexo a nenhuma de suas lojas, no terraço do White 1921 Hotel.
Fonte: @ NEO FEED
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